A Meditação da Atenção Plena e a Estrutura do Cérebro
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A prática da meditação da atenção plena, (vipassana), durante oito semanas modifica a estrutura do cérebro.
Massachusetts, EUA. A participação num programa de  meditação da atenção plena com duração de oito semanas parece resultar  em mudanças mensuráveis nas regiões do cérebro associadas com a memória,  noção de identidade, empatia e estresse. Num estudo publicado na edição  de 30 de Janeiro de 2011 na Psychiatry Research: Neuroimaging, uma  equipe liderada por pesquisadores do Massachusetts General Hospital  (MGH), descrevem os resultados do estudo feito, o primeiro a documentar  modificações, devido à meditação, produzidas ao longo do tempo na massa  cinzenta do cérebro. 
"Embora a prática de meditação esteja associada com um  sentimento de paz e relaxamento físico, os praticantes há muito tempo  têm afirmado que a meditação também proporciona benefícios cognitivos e  psicológicos que persistem ao longo do dia," diz Sara Lazar, PhD, do MGH  Psychiatric Neuroimaging Research Program, a autora sênior do estudo.  "Este estudo demonstra que mudanças na estrutura do cérebro podem dar  suporte a algumas dessas melhorias que foram relatadas e que as pessoas  não se sentem melhor simplesmente porque estão passando algum tempo  relaxando." 
Estudos anteriores feitos pela equipe da Dra. Lazar e  outros observaram diferenças estruturais entre os cérebros de  meditadores experientes e indivíduos sem histórico de meditação,  verificando o espessamento do córtex cerebral nas áreas associadas com a  atenção e a integração emocional. Mas essas investigações não puderam  documentar que essas diferenças tenham na verdade sido produzidas pela  meditação. 
No presente estudo, imagens de Ressonância Magnética  (RM) dos 16 participantes no estudo foram feitas duas semanas antes que  eles tomassem parte durante 8 semanas no Programa para Redução de  Estresse com base na Atenção Plena do Centro para Atenção Plena da  Universidade de Massachusetts, (Mindfulness-Based Stress Reduction  Program (MBSR) da University of Massachusetts Center for Mindfulness).  Além das reuniões semanais que incluíam a prática da meditação da  atenção plena - dirigir a atenção desprovida de julgamento para as  sensações e estados mentais - os participantes receberam gravações de  áudio para a prática guiada da meditação e foram solicitados a manter o  registro de quanto tempo meditavam a cada dia. Também foram tomadas  imagens de RM do cérebro de um grupo de controle de não meditadores  durante o mesmo intervalo de tempo. 
Os participantes no grupo dos meditadores relataram em  média praticar a meditação durante 27 minutos por dia e as suas  respostas a um teste sobre a atenção indicaram melhoras significativas  comparadas com o resultado antes do estudo. A análise das imagens de RM,  que focaram nas áreas em que diferenças associadas à meditação foram  observadas em estudos anteriores, encontraram aumento na densidade da  massa cinzenta no hipocampo, que é sabido ser importante para o  aprendizado e memória e nas estruturas associadas com a noção de  identidade, compaixão e introspecção. A redução no nível de estresse  relatada pelos participantes foi correlacionada com a redução na  densidade da massa cinzenta na amígdala, que é sabido desempenhar um  importante papel na ansiedade e estresse. Embora nenhuma mudança tenha  sido observada na estrutura associada à noção de identidade denominada  insula, que havia sido identificada em estudos anteriores, os autores  sugeriram que a prática da meditação por um período de tempo mais longo  pode ser necessária para produzir mudanças nessa área. Nenhuma dessas  alterações foi observada no grupo de controle, indicando que não foi uma  mudança devido à mera passagem do tempo. 
"É fascinante observar a plasticidade do cérebro e que  praticando a meditação podemos desempenhar um papel ativo na  transformação do cérebro e que podemos aumentar o nosso bem-estar e  qualidade de vida," disse Britta Hölzel, PhD, uma das autoras do estudo e  pesquisadora no MGH e na Giessen University na Alemanha. "Outros  estudos em diferentes grupos de pacientes demonstraram que a meditação  pode resultar em melhorias significativas numa variedade de sintomas e  agora estamos investigando os mecanismos subjacentes no cérebro que  facilitam essa mudança." 
Amishi Jha, PhD, um cientista neurológico na  Universidade  de Miami que investiga os efeitos do treinamento da  atenção plena em indivíduos em situações de estresse intensas, diz,  "Esses resultados elucidam os mecanismos do treinamento baseado na  atenção plena. Eles demonstram que não somente a experiência de estresse  de uma pessoa pode ser reduzida com um programa de treinamento da  atenção plena de oito semanas mas que essa mudança  experimentada  corresponde a mudanças estruturais na amígdala, uma descoberta que abre  as portas para muitas outras oportunidades de investigação do potencial  de MBSR para proteger contra distúrbios originados do estresse como por  exemplo o distúrbio do estresse pós traumático (PTSD - Post-Traumatic  Stress Disorder). Jha não foi um dos pesquisadores no estudo. 
James Carmody, PhD, do Center for Mindfulness na  University of Massachusetts Medical School, é um dos co-autores do  estudo que teve o apoio do National Institutes of Health, da British  Broadcasting Company, e do Mind and Life Institute. 
Referência:
1. Britta K. Hölzel, James Carmody, Mark Vangel,  Christina Congleton, Sita M. Yerramsetti, Tim Gard, Sara W. Lazar.  Mindfulness practice leads to increases in regional brain gray matter  density. Psychiatry Research: Neuroimaging, 2011; 191 (1): 36 DOI:  10.1016/j.pscychresns.2010.08.006. 
  Texto retirado do site:http://www.acessoaoinsight.net/index.htm

 
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