Conviver é preciso

Conviver é uma tarefa difícil.
Imaginem um casal que naturalmente e espontaneamente resolvam ficar juntos, dividir espaços, intimidades, passeios, visões de mundo. Enquanto meu mundo está sob meu controle, ou melhor ilusão de controle, tudo é felicidade. A infelicidade surge quando meu suposto controle vai ruindo. O mais incrível é que quanto mais me apego tentando controlar, menos controle eu tenho. As brigas, os rancores quase são inevitáveis. E não se esqueçam, eles queriam esta relação, procuraram por ela, estavam conscientes disto.
Imaginem conviver sem escolhas, sem escolher os parceiros, espaços, nem mesmo visões de mundos ou que tipo de intimidades. Se em duas pessoas já é complicado, imagine centenas de pessoas no mesmo espaço.
Só pode virar um inferno.
É exatamente o que acontece nas escolas do mundo todo. Não escolho meus alunos, nem meus alunos me escolheram, não escolho a matéria que darei, muito menos meus alunos, não escolho os espaços adequados, ou ambientes, os alunos idem. Nada é feito para dar certo, é uma pseudo democracia, tudo e todos são obrigados, apenas obrigados, ninguém esta lá (na escola) livre e espontaneamente, Não há empatia alguma.
Fica uma sensação de impotência e violência.
A única solução possível, é uma democracia total e plena, onde professores com posturas pedagógicas semelhantes possam dar aulas em determinadas escolas que os acolham.
Por sua vez, pais e alunos procurariam escolas que mais se aproximassem de suas visões de mundo. Cada escola teria uma característica
real ou mais aproximada de sua comunidade.

A
implosão da escola já começou, não sei como ficará, mas tenho uma certeza que este modelo não sobreviverá.


Comentários

Mallika disse…
A escola vive um modelo falido. O mundo mudou a escola nem tanto. Fala-se das novidades, da liberdade, da inclusão de todos. Porém, nem todos querem essa escola.
A escola deveria ser local de criar, de aprender primeiro a ser gente. Nas escolas de Sai Baba aprende-se primeiro a ser humano, os valores humanos, o respeito à deidade e a si próprio.
Mesmo com toda minha boa vontade, minha luta para repassar algo mais que o ensino da História boro lenta e maçante, não sinto que contribui muito para plantar uma semente de humanidade nos meus alunos.
Sinto, sinto muito por isso. Acho-me incapaz de contribuir para melhorar a vida desses seres tão sofridos, tão brutalizados, animalizados pela vida.
Assim, preferi me retirar desse palco (que tanto sofrer trouxe-me) e dedicar-me a outras expressões de amor e auxilio.
Penso que muitos professores sentem o mesmo.
Ivânia Neves disse…
Paulo, acho mesmo que este sistema já implodiu. Sou professora e esta foi uma opção para não sair nunca da escola. Hoje fico muito triste quando escuto os relatos de professores e de alunos. A escola, entre outras coisas, era o lugar onde o mundo se descortinava. Não sei bem o que ela é hoje. Mas, fico feliz de saber que ainda existem professores de fato preocupados com uma mudança! E o que é melhor, que sabem de algum caminho possível.
Beijos!

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