Mudança



Hoje saí de uma reunião “pesada”, daquelas de arrebentar o cidadão com tamanha dor de cabeça e o pior é que não foi nada que exigisse algo além de nossas possibilidades, eram até coisas simples, beirando o elementar. Mas exigia uma pequena coisa “MUDANÇA”. Nunca pensei que uma palavrinha causasse uma confusão generalizada;colegas de longa data se atacando mutuamente, parecia até inimigos com olhares raivosos, levantando voz e gesticulando como guerreiros. - Opa! Que estranho, será que estamos percebendo, o que está cegando?

Mudar não é algo que os seres humanos estejam acostumados, encaram mudanças como animais acuados, ( pelo menos naquele momento). Comecei a refletir o que levou a esta confusão.

Espero que meus amigos possam me ajudar na minha tese, que alias é bem simples e bem conhecida dos ensinamentos budistas.

Apego É uma das causas de aflições humanas mais comuns e mais virulentas. O medo na verdade não é da “mudança” em si; mas daquilo que seu ego enxerga como seu. A pessoa não consegue ver o outro, a ideia do outro, o espaço do outro, apenas o seu. Há um bloqueio total na forma de encarar a vida. Neste sistema ceder é fraqueza e ninguém gosta de se mostrar fraco e uma das formas de se mostrarem fortes é não ceder. O ego não permite observar com naturalidade o espaço em sua volta, este monstro cega completamente o ser, que fica incapacitado. Alguns temporariamente, outros carregam o onos de seu apego insano.

Mudem. Mudem de lugar na mesa, façam caminhos diferentes disciplinem suas mentes para não se apegarem a nada. Tudo acaba, sempre acaba. Tendo isto em mente talvez as mudanças ficarão mais fáceis e compreensíveis. Afinal as borboletas mudam.

Comentários

FMV disse…
Olá. Parabéns pelo blog.

Compartilhando:

http://tibetparaomundo.blogspot.com
Anne Sanches disse…
Mudar choca muito mais aos outros do que a nós mesmos.Apesar do fato de sairmos do casulo ser dolorido, muitas vezes essa visão é relativa.A mudança pode ocorrer de forma natural e significar o prazer da liberdade, do não eu, do não ter que.Mas, o outro sente-se acuado com as mudanças porque muitas vezes significa perder o outro, a ilusão da posse, que se dá geralmente acredito, não materialmente, mas no prazer de se apoderar do outro, que á a maior sensação de poder que o ser humano pode experimentar.Mudar pequenas coisas muitas vezes significa mover grandes rochas para quem está ao lado.É mais fácil para as borboletas.Eu chego a pensar num curto momento que esse voar saindo do casulo era tudo que eu precisava na vida.Gostaria de clariar mais a mente sobre isso, porque ainda me causa sofrimento, não pelo apego, estado ilusório, mas pela convivência com outros seres? Será que vc poderia me ajudar mais com isso?E fazendo uma pergunta mais contundente, vc se considera uma pessoa que muda?Permite mudanças?Enxerga as mudanças alheias? É apegado a um estado de não mudança de algum ser?Já te trouxe ou traz angústia um ser que lhe diz muito respeito mudar?Qual o sentido búdico disso?Vc se sente capaz? Gostaria que me respondesse se puder.

Dedé
Paulo Celso disse…
Olá Anne, tentarei responder por partes.
A palavra chave no seu questionamento de sentido Budico é IMPERMANÊNCIA.
Claro que minha pequena caminhada no budismo não me dá o direito de dizer como mudar, cada um vive o seu próprio caminho, e para ser mais direto não sou capaz ainda de fazer grandes mudanças, mas aprendi que para caminhar 1000 kilómetros, nós começamos com apenas um passo, depois outro.
Caminhar parece algo tão simples não é mesmo? Mas, para darmos um passo, um simples passo requer uma energia fora do comum. você já parou para pensar nisto?
Se você levantar um dos pés mais rápido que o outro você cai; se você demorar para colocar um dos pés no cão também cai. É um movimento ritmado, quase música. E é neste desiquilíbrio constante que surge a caminhada e na tentativa do equilibrismo surge o andar.
No desequilíbrio do Sansara é que aprendemos o caminho. Existe um ditado oriental que diz:- " O Homem é igual um tapete, temos que chacoalhar de vez em quando".
É na retomada do equilíbrio que surge o caminho.
Caminhe, simplesmente caminhe, curta o instante, pois ele é único.
Raciocine menos, sinta mais, apenas sinta, saboreie. Está é a prática Zen aliás, ZAZEN, sentar-se e sentir a respiração, sem questionar, sendo gentil com sua mente, sem julgar, apenas ZAZEN.
Gasho

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